Muito usado atualmente para identificar looks fotografados no entorno de eventos de moda ao redor do mundo, o termo street style não é exatamente sinônimo de novos visuais, que direto do habitual fashion, são devorados de forma instantânea por um número cada vez maior de pessoas via redes sociais.
Na realidade, muito pouco do que é visto neste mundo é autêntico. Diferentemente do que acontece nesse ambiente com sua bem colocada plataforma de publicidade para roupas e acessórios,o street style original sugere certa deselitização.
E, em tempos de grandes transformações sociais e políticas, é natural que a indústria do luxo eleja a moda urbana, mais democrática, como maior fonte de inspiração.
Todos os variados elementos que definem originalmente o street style - peças atléticas, casuais e multiculturais - são retrabalhados e usados na tentativa de conquistar um novo fator cool para o high fashion.
É o que se observa, entre muitas outras, em marcas tão diferentes entre si quanto a tradicional Christian Dior, com a primeira coleção de Maria Grazia Chiuri; a Maison Margiela, que tem à frente o veterano John Galliano; a Undercover, do vanguardista nipônico Jun Takahashi; e a estreante Koché, de Christelle Kocher, finalista do prêmio para novos designers da LVMH e diretora criativa da Lemarié, casa especializada em plumas que pertence à Chanel.
Como se vê, é um show de diversidade. Em comum, todas fazem roupas que, vistas de perto, revelam capricho e qualidade singulares,mas que jamais ficariam deslocadas em ambientes mais democráticos. Parecem em plena sintonia com as escolhas dos millenials.
Muito antes dessa novíssima geração de consumidores, o street style teve origem nos anos 50 e há décadas influencia as passarelas. Historicamente, marcou a transição da high culture para a cultura popular mas constante reconhecimento de que a renovação em matéria de arte, música e roupa pode naturalmente derivar de todas as camadas sociais ao invés de se originar exclusivamente de uma elite, como no passado.
A partir dos anos 60, os teenagers se transformaram em consumidores independentes e livres dos adultos. Os baby boomers, como eram chamados, julgaram então o street style como a mais autêntica e importante fonte de inspiração estilística.
Desde então, os jovens passaram de uma estética “tribal” (beat, mod, rockabilly, biker, punk, hip-hop, etc.) para os atuais grupos “pós-tribais”, mais diluídos, mas que ainda têm a intenção de trazer, associado aos looks, um conjunto de valores e opiniões, filosofias e uma espécie de comunidade ideal, com estilo de vida alternativo. Uma ideia sob medida para os novos e intrigantes sinais dos tempos.
By Edson Rodrigues
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